Um postal de Veneza...

Por Andreia Leite a sábado, agosto 02, 2014
Depois de abraçar a minha mãe mais uma vez, o meu pai limpa as lágrimas, e vira-se para mim e para a minha irmã com um sorrisão. Nós já não o víamos há mais de 6 meses: pois ele estava a fazer a NATO com a Marinha.

Ele abre um envelope com uma colecção de postais dos sítios que ele esteve durante este tempo: “…e esta aqui foi a minha cidade favorita: Veneza, em Itália"
Um pequeno barco está a reflectir na água, e em pé no barco está um homem a segurar um remo, ele tem uma camisola às riscas e um chapéu com uma fita vermelha. Que elegante!, pensei eu. "Nesta cidade as ruas são rios, e os carros são barcos" - explicou-me o meu pai.

Eu estava fascinada e queria ir para lá imediatamente, então eu perguntei-lhe: "Levas-me contigo?" "Sim, um dia vamos todos a Veneza…", eu tinha apenas 6 anos… 

16 de Março de 2012
17 anos mais tarde, chegámos a Veneza!!!

O autocarro lotado trás-nos do aeroporto até à Praça de Roma - o único sitio que circulam carros em Veneza, a partir daqui caminhamos por 10minutos até  ao hotel. 
A minha mãe já parece ter-se esquecido dos momentos de ansiedade que passou no avião - ela tem medo de aviões e nós temos medo por ela.
Agora, mais leves sem as malas, vamos explorar, guiando-nos pelo mapa que peguei à entrada do hotel… o nosso destino é a famosa Praça de S. Marcos.

Pontes e mais pontes, viramos em mais uma pequena rua, vamos dar a mais uma praça, mais pontes, mais ruas e becos...

De vez em quando deixamos um "aahhww!!!" escapar: "ahhw, olha os táxis deles!" "ahw, e aquele é o carro da polícia… - bem, digo barco!", "E olha a ambulância!", até o camião do lixo é um barco! Por curiosidade até fomos ver como era a entrada para as urgências.  

Estamos fascinados pelo estilo de vida tão surreal desta pequena cidade. Algumas ruas nem sequer têm um passeio, e as pessoas estacionam o barco mesmo a porta de casa e saltam lá para dentro! Tão fofos! 

Encontramos também esta pequena loja fluctuante a vender vegetais. 

Depois de 1h e meia a caminhar devagarinho e com muitas paragens para tirar fotos (sim, a minha irmã consegue ser pior do que eu), chegámos à Praça de S. Marcos, já cheios de fome! 
Um piano enche o ar com notas suaves… ali na esplanada de um restaurante, um senhor toca num piano preto a entreter os clientes deste restaurante tão sofisticado. 
No outro lado da praça está a Catedral, já estava a fechar e por isso caminhámos só à volta e seguimos o cheiro a pizza de um restaurante ali perto.  

De volta à praça, caminhamos em direcção ao mar. Aqui há muitos destes barcos tão elegantes - as Gôndolas… E de repente eu vejo-o! O senhor tão elegante do postal do meu pai, aqui mesmo à minha frente, sentado num pequeno deck de madeira à conversa,… por um momento eu sinto como se o conhecesse há muitos anos. Esta sensação pôs-me um sorriso na cara, aquela certeza de que tudo está onde deveria estar.
Depois do pôr-do-sol, fazemos o caminho de volta para o hotel.

Depressa se faz noite e ainda parece mais escuro nestas ruas com tão pouca iluminação. Seria um pouco assustador se tivesse que passer aqui sozinha. 
Durante o jantar começa-se a planear o Amanhã, olhamos para a minha mãe e a questão fica no ar...vamos fazer um passeio na Gôndola?! 

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